Neste artigo vais compreender a diferença entre resistência e resiliência e como isso é crucial para ti, para o teu projeto e a tua mensagem.
As pessoas são mais resistentes do que pensam…
mas vais perceber porque é que nós NÃO vemos isso como uma coisa boa.
Lembras-te daquela sensação esquisita de “desconforto” quando alguém faz algo por ti “sem razão aparente”, ou te oferece algo de livre iniciativa e sem pedir nada em troca? – parece que até nos sentimos mal… que sentimos uma resistência emocional ao RECEBER.
Essa resistência é a mesma que faz as pessoas dizer, às vezes até com desdém, que não querem “caridade”, ou, como a minha vizinha do lado, que se recusa a aceitar um único cêntimo a mais pelos seus deliciosos queijos, e até já me perseguiu rua abaixo para me dar uns meros 0.50 cêntimos que tinham ficado do troco…
Essa resistência é a mesma que faz com que, quando és empurrado, resistes. E até empurras para trás. Ou quando empurras alguém (não apenas “empurrões” fisicos, mas empurrões de ideias, por exemplo) essa pessoa vai resistir ao movimento que interferiu com ela.
RESISTÊNCIA VS. RESILIÊNCIA
Na nossa área de permacultura, ecologia, empreendedorismo ético, existe muito activismo. E isso é fantástico.
E é também um exemplo perfeito para mostrar a diferença entre resistência e resiliência. Cada coisa tem o seu lugar, e a última coisa que queres é confundir as duas coisas.
Um activista é resistente.
O outro é resiliente.
Um vai para as ruas, protestar, retaliar perante as injustiças que vê acontecer à sua volta. Resiste aos acontecimentos com o qual não concorda. É mais inflamatório, reacionário, explosivo. É o que vai impedir outros de fazer o que não acham correto. Se quer ver soberania alimentar saudável, vai marchar contra as grandes corporações, ou invadir o parlamento. Se quer ver mais árvores, vai acorrentar-se a uma árvore à beira de ser abatida. Este é o activista que é contra isto, ou contra aquilo.
Por outro lado, o activista resiliente leva uma vida repleta de ações que estão alinhadas com a mudança que quer ver no mundo. Responde aos acontecimentos com o qual não concorda. É mais passivo, responsivo, e de combustão lenta. Se quer ver soberania alimentar saudável, vai plantar uma horta e ensinar outros a fazê-lo. Se quer ver mais árvores, vai plantá-las. Este é o activista PRO isto, ou PRO aquilo.
Cada estilo tem o seu propósito e o seu lugar:
- um tem o espirito de guerreiro, que vai para a LUTA, que dá um pontapé de saída e o que desperta as pessoas perante injustiças que antes passavam despercebidas (já vais ver porquê que esta resistência é insustentável a longo prazo);
- outro tem o espírito do legado, é o que vai passar décadas a deixar um legado duradouro do mundo que acreditam que pode ser criado, e provam que isso é possivel. Estes são os revolucionários silenciosos e subversivos. São altamente resilientes porque nada os vai impedir de continuar a sua missão; adaptam-se, ajustam-se e continuam a fazer o que sempre fizeram.
RESISTÊNCIA
Aprendemos, erradamente, que resistir (como forma de ser) é uma coisa boa, quando, realmente, apenas torna tudo muito mais dificil.
De facto, torna-se insustentável a longo prazo.
Da mesma forma que ter demasiada tensão nos músculos não te prepara melhor para saltar (até te faz dar um salto mais pequeno, e habilita-te a apanhares umas belas cãibras), resistir não te prepara melhor para espalhares a tua mensagem e fazeres a diferença positiva que queres ver no mundo.
Pelo contrário. Faz com que te depares com mais resistência de fora perante as tuas ideias, os teus projetos, opiniões, ações, etc.
- Aprendemos e aceitamos que a vida é dificil, que temos de lutar e persistir, sofrer e resistir, e apegamo-nos mais ao sentido de luta do que simplesmente evoluirmos para a vida que queremos ter.
- Eventualmente, luta e sofrimento passam a fazer parte do nosso “normal e quotidiano”, tornando-se mais fácil esta vida de sacrificio e luta do que permitires-te a receber o que a vida tem para oferecer.
Resistimos. A vida traz uma oportunidade e nós dizemos não. A vida traz um desafio e nós dizemos “Não, não consigo”, “não estou preparado”, Não.
Quando aceitamos que a vida é feita de dificuldades e luta, tornas-te um lutador….
…e um lutador está condenado a passar a vida a LUTAR porque faz parte de quem ele é…
Estás a absorver as tuas dificuldades como parte da tua identidade – como parte de quem tu és!
Isto é bastante perigoso, porque, como todos nós, queres ter fluidez na tua vida. Mas como podes esperar atingir uma vida fluida se resistimos a cada desafio, a cada contradição, crítica, ideia diferente da nossa?
Então, porque resistimos?
- Pela mesma razão que resistimos à força que nos empurra – medo. Medo do que acontecerá se não resistirmos. Medo das consequências. Medo de não sabermos o que fazer quando a nossa “luta” nos é tirada.
- Resistimos porque não queremos aceitar certas possibilidades (normalmente as negativas) consequentes das nossas ações – por vezes é mais fácil resistir a ideias dos outros do que agir sobre as nossas.
PASSAR DE RESISTÊNCIA A RESILIÊNCIA
“Os principais riscos que estamos a correr, são riscos que resultam das nossas próprias actividades, e portanto, nos cabe a nós resolver.” Prof.Gerald Diamond no seu livro “Colapso”
Humildemente, adiciono mais alguma coisa a esta frase. Que, estes “riscos que resultam das nossas actividades”, nos cabe a nós ACEITAR, e resolver.
A verdade é que uma forma mais paciva de resistência é evitação ou procrastinação.
E muitas vezes preferimos evitar riscos, ou hipotéticos problemas germinados das nossas ações, do que tomar ação, ACEITAR os riscos, e resolvê-los.
A isto – tomar ação, aceitar os riscos, e resolvê-los – chama-se RESILIÊNCIA.
Por medo de cair, resistimos a estes riscos. Mas ao fazer isso, também sacrificamos a outra face da moeda – o impacto e os beneficios que teriamos se tivéssemos aceite os riscos, enfrentado os nossos desafios, e transformado em pessoas mais sábias, experientes, e portanto, mais avançados na nossa evolução.
É comparável a aceitares jogar um jogo de cartas, e negares-te de jogar e divertir por causa do risco da possibilidade de perder o jogo.
ACEITAÇÃO e RESILIÊNCIA
Mas quando ACEITAS todas as possibilidades, estás preparado para tudo.
Quando aceitas os possíveis riscos e não resistes ao que a vida tem para oferecer e ensinar, independentemente das coisas correrem de acordo com o planeado, estás LIVRE para manobrar e manter o teu curso, e ganhar a cartada.
Não resistas. ACEITA e ganha RESILIÊNCIA perante esses desafios, críticas ou ideias novas. Aceita-as como uma forma de crescimento, uma prova de superação, algo novo para absorver e levar contigo.
Torna-te RESILIENTE em vez de RESISTENTE.
Responde aos desafios em vez de reagires a eles. E assim estás sempre um passo à frente, mesmo sem saber o que o futuro traz.
Aceita todas as possibilidades – não as evites, olha para ela nos olhos e reconhece-as.
Porque quando passas a conhecer o desconhecido, já não o temes, e tens a clareza de espírito para perseguir a vida que queres.
Já dizia um velho ditado oriental:
“Perante o sopro constante do vento, é o bambu flexivel, não o carvalho forte, que se volta a erguer quando o vento cessa. O bambu dobra-se à vontade do vento para depois de erguer – o carvalho resiste à força do vento, até que,mais tarde ou mais cedo, é arrancado pelas raízes.”
A vida dá-nos sempre aquilo que precisamos, não necessariamente aquilo que queremos. Mas sempre aquilo que precisamos.
Não resistas às dificuldades. A vida dá-tas para te poderes tornar mais resiliente.
Aceita-as como as oportunidades que são para aprenderes e evoluires.
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